Tempos de mudança
O ambiente político, e da comunicação social, nacional e europeu bem como o poder económico-financeiro não têm tolerado alterações ao status quo instituído. Qualquer oportunidade de esperança tem sido abortada por um poder invisível à maioria dos cidadãos, mesmo dos mais bens informados. As notícias são manipuladas, os comentadores representam minorias populacionais e/ou o poder instalado da direita, e a esperança, numa vida melhor para todos, vai morrendo. A esquerda tem vindo a ser afastada aos poucos da esfera mediática e qualquer semente de mudança tem uma batalha kafkiana pela frente para conseguir atingir os seus objectivos.
A 28-10-2014, o LIVRE fez os primeiros contactos com o PS com o objectivo de se constituir uma maioria parlamentar de esquerda. O LIVRE Já antes se abrira aos cidadãos para que estes participassem na política de igual para igual, realizando todas as suas reuniões abertas e transparentes constituindo equipas temáticas e regionais para começar a trabalhar nas necessidades sentidas pelos cidadãos. Durante o seu percurso reuniu milhares de cidadãos através do Tempo de Avançar conseguindo que fossem os cidadãos a elaborar e a aprovar um dos mais completos programas às legislativas e realizando as primeiras Primárias em Portugal para ordenação das listas de candidatos às legislativas (já antes fizera o mesmo para as Europeias). Depois tentou uma união da esquerda junto do PS, PCP, PEV e BE, entre outros de esquerda, para que fosse aprovada a sua Agenda Inadiável sem qualquer resultado… aparentemente…
A comunicação social, na sua
generalidade,… muda… ausente… pouco interessada… e respeitando as suas
hierarquias…
O próprio arco parlamentar se
encarregava de legislar no sentido de abafar os novos partidos.
Depois vieram as eleições. Se é
certo que o PSD e o PP, juntos, tiveram mais deputados e votos que qualquer
outra coligação ou partido, certo é que a esquerda e o combate à austeridade venceram
as eleições.
Chegaram os dilemas e as
decisões…
Se o PS tem tido, no passado
recente, políticas mais à direita e sabe que com uma nova aliança à direita
poderia PASOKar, preferindo afastar a sua ala mais à direita e reconquistar
parte do voto útil de esquerda perdido nas eleições.
O BE, depois de atravessar uma
grande sangria e de estar em riscos de desaparecer, viu no mediatismo consentido pela comunicação social a oportunidade de finalmente conseguir ser
um bloco de esquerda, levantando bem alto a bandeira do LIVRE, da união da
esquerda, que nunca conseguiu ter essa oportunidade de mediatização.
A CDU, com receio de perder o
comboio da esquerda, vendo o Bloco ultrapassá-la, e podendo ser acusada de ser
a principal responsável pela esquerda por não se
entender, viu-se obrigada a ser parte da solução e não ser apenas uma oposição.
A coligação de direita e a sua
mediatização oferecida pela comunicação social conseguiram abafar o PS e
ressuscitar o BE julgando que PS e BE nunca se iriam entender…
O PR, que já provou nunca ter
representado, não representar e não querer vir a representar todos os
portugueses, vê-se agora com uma pressão diferente daquela que esperaria…
Afirmou que não cederia a pressões e agora vê-se na contingência de ter de
aprovar um governo de esquerda, sob pena dos “seus mercados financeiros” virem
a sucumbir face a uma gritante instabilidade caso o “seu governo”, governe,
podendo essa instabilidade governativa arrastar os seus aliados em Bruxelas
para a falência do sistema capitalista. Mesmo Bruxelas já estará a puxar as
orelhas do PR de Portugal por este desejar a instabilidade governativa à
estabilidade de uma maioria de esquerda preferindo passar a sua ideia de que um
governo de esquerda não seria estável. Terá receio certamente… que esse governo
de esquerda seja mesmo estável…
Felizmente a razão tem razões que
a razão desconhece, e mesmo os menos acólitos já acreditam que Deus escreve
certo por linhas tortas. A mudança está em marcha e a esperança renasceu a
partir de uma semente que germinava lentamente… mas que dará frutos muito
rapidamente.