segunda-feira, 21 de março de 2016

Contra a Eurofarça!




    
   







  Os migrantes são o tema caro da Europa, que revelam que não podemos esperar quase nada desta Europa que antes foi denominada de União entre Estados membros, mas que hoje se traduz numa desunião e convergência de interesses, com a sobrevalorização dos países “imperialistas”.
     Desmoronar a Europa tornou-a na paralítica maquineta que não serve mais que seja como “controleira” de todos os países, e daqui surgiu um “farol” que só manda luz a quem quer, que só controla o “tráfego marítimo” daqueles que lhe interessa, deixando afundar os barcos, as pessoas, as vidas, daqueles que não trazem consigo as “condições capitalistas” implicadas pela Europa.
   Demagogias à parte de quem como a extrema-direita em França, Turquia, Dinamarca, ando a tentar vender o slogan de “não queremos cá”, pois usam o conceito determinista de que não querem, não só porque não tem direito em permanecer no seu solo, mas também porque ideologicamente não lhes convêm. Sim muitos contornam o problema, aprazivelmente, dizendo que se centra nas incapacidades económicas. Mas na realidade sabemos que é mais puramente e estruturalmente ideológico, as diferenças que se fazem sentir.
    Recue-mos ao Acordo de Schengen, pois sobre este também há que tecer algumas considerações. Não me agrada quando alguém o define como “a livre circulação”, pois na realidade criou uma “Europa Fortaleza”, que em nada traduz o seu conceito de liberdade. Mais este não liberaliza a “prometida” circulação, permite só que internamente esta seja facilitada, criando depois muros sobre a Europa externamente.
     Muitos solucionam esta migração com o desenvolvimento de quotas ou “regulação da política do fluxo migratório”, que em tudo traduz mais uma vez na política que se vai instrumentalizar mais nestes mecanismos que nada contribuem para a resolução.   
“Dezenas de milhares” é o número de pessoas que neste momento está sem solução, sendo atacadas todos os dias sobre uma Eurofarça, que devia dar a ajuda, mas que prefere que exista conflitos políticos, sociais, ideológicos, religiosos, do que discutir massas que precisam que todos estejam direccionados, primeiro numa política de liberalização de espaço e circulação, e depois sobre a necessidade de criar corredores humanitários.
     Quem olha para esta crise e para aquelas condições em que aquelas pessoas vivem, em oposição à inércia de que todos na Europa têm, olham para crianças, idosos, grávidas, que não detém capacidade para poder mudar a situação em que vivem.
    Olhar para muitos dos abrigos e fronteiras e visionar o arame farpado faz-se a clara analogia dos tempos dos campos de concentração. Mais uma vez para essa imagem, e para essa realidade caminha-mos, pois descurem que muitos dos discursos da extrema direita, se vêm a fomentar estas demarcadas posições, com recurso a demagogias como dizendo que se tratam de terroristas, de pessoas que não têm estrutura social, que há um grande fosso entre nós e eles (comportamental, social) e de que têm crenças religiosas distintas que são incompatíveis, entre outros argumentos, colocando em causa a “nossa permanência” nos mesmos locais.
    As oligarquias políticas explicam que a situação dos migrantes é meramente problemas do povo, dando mais uma vez a desunião e falta de coesão que querem criar, colocando o povo uns contra os outros. “Dizer que é o povo que não gosta de estrangeiros” foi o mote de fazer passar na xenofobia e no populismo, escondendo que os países erram em larga escala. A Grécia é a principal entrada e encheu-se, e a Turquia fechou-se em copas, provando o humanitarismo que existe.
     Já nada se espera desta Europa que se tornou num Eurofarça, pois negou-se toda e qualquer Declaração Universal dos Direitos Humanos, deixando pessoas sem rumo ou destino presas em “valas” entre países. Forçosamente assistimos e comprovamos aquilo que há anos muitas pessoas pensam sobre a engenhoca que é a Europa, preocupada e centrada nos vírus e fungos da economia global, da banca, desprezando as pessoas que vivem nela.