domingo, 18 de setembro de 2016

Tenham vergonha senhores Jornalistas, tenham vergonha

 E de repente temos jornalistas com forte convicção ideológica, económica, financeira e social a ocupar o "mercado" de opinião. Afincadamente, cultivando a ideia de uma seriedade virgem,  auto intitulam-se de seres imparciais, que oferecem informação séria, mas a quem não fica mal uma opiniãozinha quando possível. Jornalistas que criam em artigos de opinião e comentários, uma visão da economia diferente dos modelos existentes, uma visão financeira oca, sem muito sentido e pouco consistente. Fazem uma analise económica que só um conjunto de "cérebros" preparados, podem entender. Esses cérebros são jornalistas, somente eles.    Com as opiniões que vão saindo como cogumelos, maioria de ataque a qualquer medida. Sem argumentações ou alternativas, somente opiniões de incomodo. Títulos de imprensa virados para o ataque verbal e oco  (exemplo da Visão e um titulo grotesco). Vamos assistindo, à luz do dia, as verdadeiras tendências dentro das redacções, e dos próprios jornalistas (Clara Viana e os sucessivos ataques ao Ministério da Educação).   No que toca ao plano económico, com os dados cada vez mais favoráveis ao actual executivo, o delírio, a paranoia,  a construção de uma visão económica própria, ocupam os títulos e leads de jornais,  colunas de opinião e espaços de comentário. Uma visão Macroeconómica nas redacções que mudou, e não foi necessário uma mudança do paradigma económico mundial, bastou mudar de governo. Sem querer a própria visão economia muda, o que me leva a pensar que neste momento, todo o meu conhecimento sobre economia, os meus quatro anos de faculdade (a minha área académica)me deram noções erradas, o que professores me ensinaram está errados, o que livros os livros me explicaram, está errado. Apenas alguém me pode corrigir esses erros, alguém especialista em tudo, alguém especialista numa economia muito própria,  especialista em finanças e economia, os jornalistas. 
   Durante quatro anos assistimos ao maior saque em democracia no que toca a política fiscal. O anterior governo cortou à cega, forte, comparou o leite a BMW topo de gama. Foi o maior saque à classe média, aos mais pobres, ao rendimento do trabalho.    Durante quatro anos o mundo do jornalismo aceitava. Criaram-se chavões demagógicos e populistas para desculpar o saque. Os impostos cada vez mais insuportáveis eram entendidos pelos jornalistas como "vivíamos acima das nossas possibilidades, agora chegou a altura de pagar" (chavão que nenhum jornalista saberá explicar o seu significado). Afirmavam convictamente que toda aquela política fiscal tinha o objectivo era baixar a divida e fazer o país crescer. Muitos comentários levavam os impostos como sendo a mecânica económica certa, mais impostos, mais dinheiro.... mais dinheiro, menos divida.    Uma teoria Liberojornalistica que terminou no pior cenário possível para um país que precisava de crescer com urgência. Quatros anos que culminaram no aumento da pobreza (cerca de 20% da população vive abaixo do limiar da pobreza), redução sucessiva dos rendimentos da classe média, de orçamento em orçamento, rectificativo em rectificativo, a redução dos rendimentos em cortes dos salários no sector publico e aumento da carga fiscal no sector privado, dizimaram a classe média. A queda do consumo congelou a economia, a economia congelou o emprego, acabando por aumentar o desemprego desmesuradamente. O Governo, face à sua ideologia, cortou nas prestações sociais, atira os reformados (quando muitos ainda seguravam as "pontas" financeiras em casa) para cortes sucessivos nas reformas, as pensões, incluindo as mais miseráveis, congelaram. Com uma política  destruidora, pouco eficaz, incapaz de produzir resultados necessário, abriu uma guerra contra os mais fracos. Por outro lado, os mais ricos ficavam mais ricos, e os muito ricos, milionários. Escapavam à crise, e invertiam a tendência de empobrecimento social.   Anos de crónicas e de comentários de jornalistas que se amontavam. Falavam em "políticas necessárias", apontando erros, mas concordando com o metodologia económica. No Observador existia uma espécie de oráculo que garantia que o "castigo" à classe média e baixa de hoje, rejubilava melhores amanhas.     Vítor Gaspar anunciava um "aumento colossal  de impostos", e os títulos abençoavam o Ministro das Finanças. Poucas criticas construtivas, algumas chamadas de atenção ligeiras, nada que não fosse contido nos parágrafos da noticia.   Taxas, Taxinhas, sobretaxa, um aumento ali, um corte aqui, uma taxa acolá, um imposto "temporário", tudo era uma forma de empobrecimento da classe média e derrocada dos mais pobres. Nas crónicas escritas por jornalistas, o discurso era o mesmo, "não existe outro caminho". Os média, publico, expresso, observador, abandonavam o jornalismo de vez em quando. Por vezes eram meros  espaços de propaganda.      Entre os jornalistas a visão económica pouco se alterava. Os discursos demonstravam uma tendência afectiva ideológica, que já não era necessário disfarçar, era às claras. Não existia motivo para esconder, existiam era razões para demonstrar, opinando.   Para os comentadores/jornalistas cada taxa, aumento de impostos, cada corte nos salários, cortes na educação e saúde e privatizações eram um "mal necessário". Os que preenchiam lugares em programas de opinião eram unânimes nos discursos e chavões, "vivemos acima das possibilidades". Quem não se recorda da tentativa de redução das contribuições para o patronato, aumentando as contribuições para o trabalhador? Alguns jornalistas entendiam essa medida como benéfica para o investimento. Outros, mais mentecaptos, tinham um entendimento superfulo sobre as privatizações que consideravam excelentes, entendiam que era um encaixe financeiro nos cofres públicos,  que baixavam a divida e reduziam o défice, para tais especialistas era o verdadeiro corte nas gorduras do Estado. Ao contrário, a realidade demonstrava que esse pensamento só fazia sentido na cabeça de jornalistas. A divida aumentou 20% em quatro anos, o défice só era reduzido com a destruição da classe média e a pulverização dos mais pobres através do garrote dos impostos e os cofres continuavam a moscas e papel comercial. As gorduras mantinham-se disfarçadas de contratos que aumentaram com entidades privadas, concessões que o erário publica pagava em contratos "amigáveis" (Martifer), destruindo a capacidade de resposta do sector publico para manter os privados bem instalados no sector da saúde e educação. Essas gorduras nunca foram tocadas pelo governo, e pouco tocadas pelos média.    A destruição dos serviços públicos, a destruição da classe média, a destruição da classe baixa por via de magros salários e aumento dos impostos sobre o consumo dos bens essenciais, tudo isto acontecia nas barbas do jornalismo, na ideia ficam apenas as cronicas do "tem de ser, gastamos mais que criávamos", "vivemos acima das nossas possibilidades" é um "mal necessário para endireitarmos as contas publicas". Sobre o crescimento das grandes fortunas, nem uma palavra de lamentar.    Hoje toda a ideia económica que foi mantida durante os quatro anos PSD/CDS está completamente desajustada. A tributação dos imóveis acima de meio milhão de euros é um saque, um abuso do Estado. Hoje os impostos já não são um "mal necessário", hoje são um saque às famílias.   O absurdo tomou conta das redacções, se ainda existia algum motivo para esconder as tendências politicas, hoje dissipou-se, não interessa. O "saque da vergonha", dizem os mais radicais jornalistas, não merecem respeito. As figuras do twitter de Bernardo Ferrão, enunciando que o ataque aos mais ricos vai atacar a classe média, é dor de desespero. A classe média já possui casas no campo com valor de meio milhão de euros, e ainda casa na cidade valorizada a 600 mil euros, segundo José Gomes Ferreira. A classe média baixa do Restelo e Cascais de Camilo Lourenço e a teoria económica sem qualquer nexo João Miguel Tavares, e o saque aos mais necessitados (com vivendas no Restelo) de Manuel Carvalho. Já está montado o drama e o desespero, só falta é uma pequena coisa, a vergonha na cara de cada um destes jornalistas/comentadores.A falta de coerência e de seriedade no que dizem ultrapassou os limites do mais tolerante.    Os artistas (já não existem jornalistas, são meros artistas) já mudaram o discurso. Os impostos que eram maus, mas necessários, hoje são negativos para a economia. Há classe media incutem o receio de um segundo resgate, quando a classe média se tenta recompor financeiramente com a devolução de rendimentos. A falta de vergonha é tal, que já vale mentir e insinuar algo impossivel. Misturam PIB com a aquisição de casas, estão aflitos, atrapalhados, e desorientados. Falam dos mais pobres, dos mesmos que no passado eram "beneficiados" com medidas que os empobreceram mais. Apelam num acto de desespero, a um segundo resgate em títulos de jornais. A imprensa que perdeu a vergonha, ética e imparcialidade. Defendem-se com o corporativismo fazem-se passar por gente que informa, mas na verdade agem como agentes ideológicos.   Tenham vergonha senhores jornalistas, tenham ética, coerência e imparcialidade. Concentrem-se, raciocinem, parem de pensar que do outro lado está gente que se ilude, que se deslumbra com o que vocês escrevem. Reflictam de forma séria, do outro lado já existe gente cansada da (des)informação propositada e tendenciosa. Não é defendendo-se mutuamente que vão enviar sinais de jornalismo sério, é fazendo jornalismo sério. Respeitem o leitor, respeitem o espectador.  Senhores jornalistas do Público, do Expresso, Observador, Sol, I, e de todos os outros órgãos de comunicação social, tenham vergonha, ou lavem a cara na lama. 

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