domingo, 5 de novembro de 2017

Catalunha, um cruzamento com a democracia

 


   
  A história cruza-se diversas vezes com a vontade da autodeterminação do povo Catalão. Por desconhecimento ou incúria sobre o assunto é que se opina apoiado nos argumentos que têm sido hoje utilizados, como o financeiro. Os sentimentos não são de hoje, muito menos o independentismo é um sentimento fresco para o povo Catalão.
   A história da Catalunha é recheada de desconfianças quanto a Espanha, tentar fazer da Catalunha,e de outras regiões autónomas, Espanha, e julga-los como espanhóis é não respeitar a diferença cultural, linguística e histórica que divide todos os territórios. Não são iguais, em nada, são diferentes em tudo.  Por esse motivo que todos os territórios autónomos de Espanha têm desejos decisão do Reino, vontade de se tornarem Republicas independentes. Querem ver respeitado o legado como povo, a sua história, as suas tradições, e dificilmente o sentem anexadas a um país que não respeita o  plurinacionalismo que existe no Reino de Espanha, uma Espanha demasiado franquista. Laivos de uma ditadura que vive nos hábitos e condutas políticas do atual executivo.
   Ao contrário dos milhares utilizadores lusos das redes sociais, e do comentário político, não possuo posição. Não tenho que ter qualquer posição sobre um assunto que não me diz respeito de forma direta. Mas infelizmente continuamos a assistir a uma espécie de "cusquice" na "casa alheia" baseadas em posições sobre algo que não nos diz respeito, abraçados a uma argumentação fraca e absurda.
   Tenho uma visão pessoal  sobre o assunto, mais europeia, menos nacionalista. Sei que o atual modelo europeu e a sua génese ideológica não permite qualquer aproximação ao meu modelo. Um modelo capacitado com maior respeito pelas nacionalidades existentes na Europa, como a Catalã. Mas acredito mais nas mudanças europeias, que têm por base maior democracia, do que em soluções oriundas de Madrid. Demasiado espírito franquista.
  É óbvio que não apoio qualquer solução que não procure a legitimidade e legalidade.Não acredito em soluções que se baseiem na violência desproporcional e gratuita por parte das autoridades Espanholas. Vindo do atual executivo espanhol, é natural esse tipo de atitude, mas não pode é ser aceite com a mesma naturalidade por os países democratas, onde se inclui Portugal. Muito menos que estes países ignorem de forma ridícula a forma como a justiça e o poder político em Espanha funcionam de mãos dadas.
   A única solução é negociar, respeitar e sentar à mesa procurando de consensos, não é asfixiar a democracia como fez a policia no dia 1 de Outubro na Catalunha. O impasse é entre a legalidade e o respeito pela autodeterminação dos povos, algo que consta na constituição Portuguesa e que o primeiro ministro deveria ter em conta. É um impasse complicado de resolver para quem quer manter a legalidade e os valores democráticos ao mesmo tempo. Por um lado a legalidade da Constituição Espanhola, e por outro a Autodeterminação do povo Catalão.
   Infelizmente os responsáveis por esta situação deveriam ser melhores que os atuais. Quer Rajoy, quer Puidgemont, não estiveram à altura dos acontecimentos históricos. Deixaram ambos a merecer quanto à sua capacidade política e intelectual para conseguir uma solução em conjunto. Ambos colocaram uma negociação possível em algo quase impossível de se concretizar. A solução não é possível enquanto Rajoy estiver no governo, enquanto o PP não apagar o seu passado e a sua índole franquista.
   Enquanto isso não acontecer, por cá ficamos em conversas de argumentos frágeis e ignorância  a cargo dos Unionistas do Burgo, como as grande genialidade (ironia) de Clara Ferreira Alves.

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