segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Eu sou IRA e você é cumplice?














    Nas últimos semanas e a propósito da polémica do IVA das Touradas foram efetuadas várias reportagens encomendadas sobre o movimento IRA, acrónimo das iniciais de Intervenção e Resgate Animal, que é um grupo informal de cidadãos que inclui para além do seu líder, dono de um ginásio da margem sul, polícias, seguranças privados, técnicos administrativos e contabilistas bem como a colaboração ativa de centenas de policias da PSP, GNR e Municipais bem como muitos veterinários municipais e privados.

Este grupo muito ativo na Região de Lisboa e Península de Setúbal, atual Região Metropolitana de Lisboa, é inteiramente privado e funciona sem donativos nem o apoio de outros interesses financeiros subjacentes à sua atividade, que é, em caso de não intervenção das autoridades e organismos públicos responsáveis o resgate de animais maltratados sejam estes de companhia, de guarda e/ou trabalho.
O IRA - é mais fácil tratá-los por este acrónimo - e os irados - como chamarei também daqui em diante aos membros ativos do grupo que assim também assim se auto-denominam - animam uma página do Facebook que é seguida e tem como apoiantes mais de 180,000 perfis desta rede social.

Nesta página demonstra-se claramente e sem nenhum problema o que fazem e como o fazem, e tal como demonstram algumas declarações dos irados o seu intervencionismo animal e que este é focado em casos limite de maus tratos, focando-se quase sempre em resgate de equídeos - cavalos, burros e mulas - canídeos e felinos e muito raramente noutro tipo de animais.

Eu tal como referi sou membro da Greenpeace Internacional e fui ativista desta e nessa atividade colaborei e várias ações de forma ativa e intervim em prol das causas que esta defende, ou seja a defesa dos oceanos e do ambiente em geral.

Qual é então a minha diferença em relação a estes camaradas de armas?

Nenhuma a não ser que tenho uma organização gigante por detrás que tem mais de cinco milhões de sócios tendo o IRA e até para o tamanho do grupo, cerca de quatorze pessoas, bastantes apoiantes - se quisermos fazer o rácio apoiante do Facebook/elemento ativo do grupo dará 12.857 apoiantes por cada irado - e isso torna-os até muito mais iguais a mim e a outros que nas nossas atividades como ativistas não fizemos tudo de acordo com a lei.

Ir para a frente de um navio baleeiro japones, que tem autorizações de pesca, para evitar que cacem as baleias. É o quê, legal?

Subirmos a chaminés de centrais nucleares e/ou termo-elétricas e/ou taparmos os seus afluentes descarregados legalmente num rio. É o quê, legal?

Efetuarmos a entrada numa área de testes nucleares, que é militarizada e de um estado, de molde a evitarmos que estes se realizem. É o quê, legal?

Evadirmos uma plataforma petrolífera no Oceano Pacifico, de nome Brent Spar, propriedade da Royal Dutch Shell e que esta iria afundar com inúmeros resíduos que iram poluir de forma permanente o oceano e de molde a evitarmos o seu afundamento. É o quê, legal?

Levarmos escorias de aluminio de uma propriedade privada de uma empresa privada no Vale da Rosa em Setúbal, em 1991, e com isso chamar-mos a atenção que uma empresa suíça as importava para Portugal através de uma subsidiária portuguesa e já tinha acumulado 22.000 toneladas sem controle nessa localidade. É o quê, legal?

Como vimos por estes exemplos, a Greenpeace Internacional, age no limbo da legalidade, quando não de forma ilegal, mas se o faz, fá-lo em nome de um bem maior de um objetivo amplo de proteção das espécies marítimas, dos oceanos, do ambiente no geral e já agora do ambiente e da saúde pública em especifico no caso das escórias de aluminio de 1991.

Nada do que a Greenpeace Internacional faz ou fez é diferente do IRA e das intervenções diretas dos irados, apenas temos mais recursos, mais advogados e mais influência e peso em lobby na União Europeia e nas suas instituições.

A campanha contra a venda de animais a crédito conduzida pelo IRA e os irados que teve como alvo o El Corte Inglês em nada se distinguiu da campanha mundial de boicote que fizemos contra a Royal Dutch Shell e a forçar a esta desmontar a plataforma petrolífera Brent Spar em vez de a afundar, a diferença foram apenas o âmbito mundial que esta assumiu e os meios que usamos.

Deste modo porque é que julgamos uns e levantamos falsos testemunhos, de que estes estão a ser investigados pela PJ e, com outros os elevamos à importancia mundial da Greenpeace Internacional, uma ONGD influente, mas que tem exatamente os mesmos métodos do IRA e dos irados.

Eu sou IRA e um irado porque estes não são cúmplices com os maus tratos gratuitos a animais, eu não sou cúmplice com esse mau trato gratuito permanente e constante e não controlado pelas autoridades, e você é?

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