domingo, 16 de outubro de 2016

Uma direita sem alternativa

Captura+de+ecr%25C3%25A3+total+02112017+201450

  Uma direita nervosa não significa alternativa, apenas demonstra não saber lidar com as escolhas que um Estado democrático maduro pode proporcionar no que toca a caminhos alternativos. O conformismo não pode ser um estado de alma, a existência de alternativas é a luz ao fundo de um túnel que levou quatro anos a atravessar.

  A crispação pós eleitoral abandonou a coligação PàF à beira de um ataque de nervos. Foram tomados por um descontrolo sobre o tipo de políticas alternativas e no tom do discurso. A alteração do modelo que deveria privilegiar o natural rumo pós eleitoral "quem ganha governa" deixou a coligação com um sério amargo de boca. A previsibilidade de Passos e Portas, que seria a saída de Costa da liderança dos socialistas e a abstenção que daria mais quatro anos a Passos, não existiu. A direita aguçou o discurso, o CDS mais inconformado demonstra o maior mau estar por se encontrar na oposição.
    A saída de Paulo Portas trouxe Assunção Cristas para a liderança. Num modelo de "copy paste" ao Bloco, a novidade deu lugar a mais do mesmo, mas pior. O CDS tornou-se, lamentavelmente, uma cocheira discursiva. 

    Assunção Cristas abriu a porta a um esquecimento de quatro anos, onde a mesma era ministra de um governo que, de certeza de má memória ao comum contribuinte. No que toca aos impostos a sua memória, demasiado selectiva, encontrasse infectada pelo vírus de Zenail Bava. Ao contrário de Zeinal Bava, os sintomas de Cristas é de um profundo buraco dimensional.


    O seu discurso sobre uma austeridade de esquerda, "à lá gouche" como gosta de apelidar, parece  oco quanto as ideias que o CDS possui. Um discurso tomado pelo mau estar ainda existente e pela vontade de fazer "barulho" no panorama político. O CDS necessita de apagar uma imagem demasiado colada a Paulo Portas, pois continua demasiado dependente do jovem que tornou o CDS o partido do táxi.

  As palavras de Assunção Cristas poderiam ter sentido se a mesma Assunção Cristas não constasse na fotografia de família do governo que mais aplicou medidas corrosivas à classe média e baixa como cortes em salários, da sobretaxa, do enorme aumentou impostos, dos escalões de IRS desproporcionais, que atingiram mais a classe média e os mais pobres, do aumento do IVA para os bens essenciais como leite e pão, que privatizou a parte publica da EDP fazendo disparar preço da electricidade e que entregou a economia do país a uma febre privatizadora e uma destruição da economia na esfera nacional. Fez parte de um governo que cedeu a maior transportadora aérea nacional, TAP,à última da hora, por míseros 10 milhões de Euros após ter danificado financeiramente a empresa acusando os malefícios das greves. Fez parte de um governo de má memória para o país e para a economia. Governo que alguém se encarregará de lembrar sempre que a história assim o necessitar.
  Por as bandas da Lapa, apesar do dissabor ser maior, o mau estar parece serenado. Por outro lado Passos Coelho continua a viver como se do primeiro ministro se tratasse. Ainda não acredita que uma vitória aos 45 minutos virou uma derrota eleitoral aos 90. Entende que não terminou o seu mandato, que ganhou as eleições e por isso deve governar. Para Passos Coelho, Costa assumiu o lugar de primeiro ministro ilegitimamente, quiçá ilegalmente, e por esse motivo tem o direito, e o dever, de assumir o seu lugar natural. Passos Coelho é o único que sente que o país precisa dele.
    A direita, iniciou uma espiral de vitimização/ataque desproporcional continuo. Nas "jotas" reina o principio da infantilidade, nos seus dirigentes o devaneio e nos seus militantes um sentido de "ressábia" transformado em blogs de má língua, mentira e disparate.  

    Com discursos vagos deste género não existe espaço para o verdadeiro debate sobre alternativas politicas que a direita tem. A politica é discutida em saraus de baixo nível. A fraca visão sobre a economia e o país demonstra que um governo de quatro anos só conseguiu unir os portugueses em torno de uma injustiça fiscal e de um sentimento de conformismo, sem direito luz ao fundo do túnel.  
Desta direita nada se espera mais nada, infelizmente.





0 comentários:

Enviar um comentário