terça-feira, 16 de janeiro de 2018

E se alguém vos impusesse uma Capital?



  E se por motivos históricos, de termos sido um país esclavagista, um dos maiores, os países do continente africano agora dissessem que Lisboa não poderia ser a nossa Capital, pois foi o principal porto de tráfico humano europeu, que por esse motivo, teria que ser outra cidade porque a nossa capital seria uma cidade internacional em memória dos africanos que pereceram nesse comércio!?!?!

   Seria um absurdo, mas esse absurdo existe actualmente, e é o que se passa em relação a Israel!?!?!

  Reconhece-se a todos os países do mundo o direito de decidir de acordo com o seu povo qual é a sua capital, mas no caso de Israel, quem tem que decidir não é o estado de Israel, nem os representantes democraticamente eleitos por esse estado, mas sim todos os países, inclusive alguns com ditaduras sanguinárias e teocracias que sempre se estiveram a marimbar para a audição do seu povo e são ditaduras ferozes que usam o poder da rua e da massa dos analfabetos direccionando-os para esse problema, para que esse inimigo comum os adormeça.

  O problema é que esse tal poder de rua está a tomar consciência de si próprio e a marimbar-se cada vez mais para esse adormecimento, como se viu com os protestos da chamada primavera árabe e mais recentes e cíclicos, do Irão!?!?!

  Conheço bem a rua árabe e para um egípcio, saudita, iraniano ou um jordano, a Capital de Israel ser Jerusalém é algo que lhe é indiferente. Por exemplo se lhe disserem que os seus governantes irão ser menos corruptos, que irão ter empregos ou que o seu futuro e dos seus filhos é mais do que um prato de lentilhas e tâmaras conseguido muitas vezes pela caridade do zakat, financiado pelos muito ricos que corruptamente os espoliam, este importava-se, agora Israel ter uma Jerusalém una como capital, estes (e até de entre estes, muitos palestinianos), estão a marimbar-se para tal facto.

  O estatuto de Jerusalém como capital e por arrasto a existência de Israel, é o assunto dos ditadores e dos governos corruptos árabes, acolitados por um europeísmo anti-semita e por uma indisfarçável inépcia da Comunidade Internacional de perceber a história e de se adequar a esta.

  Israel ocupa de facto toda a Jerusalém, porque conquistou esse território em Junho de 1967, na Guerra conhecida como a dos Seis Dias, e nesta cidade instalou não só o seu parlamento, como o seu Governo, os seus tribunais superiores bem como o estado-maior dos seus exércitos.

  Israel não precisa de pedir autorização a ninguém para que declare, a totalidade da cidade de Jerusalém, como sua capital e exigir que as embaixadas de países que nesse país têm representação diplomática sejam aí instaladas. E até poderia expulsar todas essas delegações diplomáticas que não cumprissem essa exigência. A paciência pela falta de respeito é apenas e só um compasso diplomático, mas gostaria de observar a maneira como alguns que agora falam de peito cheio, na ONU, reagiriam se Israel cortasse relações diplomáticas com estes por causa desse assunto.

  E muitos deles sairiam pela porta baixa e a sua vida correria muito pior, inclusive muitos dos países árabes. É que muitos esquecem-se que Israel não precisa de muitos deles porque se tornou num país com uma auto-suficiência razoável capaz de aguentar um estado de guerra permanente durante largos anos. O que referi não é segredo nenhum, pois quem está rodeado por inimigos e ditaduras ou democracias musculadas mais que suspeitas e que o querem destruir, é na paz que se prepara para a guerra.

   Mas voltemos a Jerusalém: Quem é que reclama mesmo Jerusalém Oriental? É que Jerusalem Oeste ninguém nunca pôs em questão que seria uma cidade Israelita. Um tal Estado Palestino, mas o que é esse Estado Palestino? E que reais direitos tem?

  O Estado Palestino não é nem nunca foi um estado e nem nunca terá algum direito de se arrogar ao direito de exigir a quem é o legítimo ocupante da terra, alguma oportunidade de lá ter alguma instituição. Na ONU nem sequer é chamado de Estado, mas de Autoridade, que de autoridade sobre o território tem pouco e de coesão interna ainda menos!?!?!

  Vamos lá a factos em vez da ficção porque isso é o que se impõe, quando somos seres racionais.

  O então Emirato da Transjordânia (nome porque era conhecido o actual Reino da Jordânia que chamarei a partir de agora por Jordânia) era o país que ocupava de facto Jerusalém Oriental e entrou em guerra com Israel, tentando-o invadir e derrotar em 1967, em conjunto com mais sete aliados, e que, com estes foi derrotada copiosamente nessa tentativa. A Palestina que nem hoje é um estado, então não era mesmo nada, não existia, nem com terra, nem com governo nem reconhecida internacionalmente. Arrogar-se um estado que nunca ocupou aquela cidade como tendo direitos sobre essa cidade é demente e um completo absurdo, não só histórico, como de direito internacional como e até diplomático.

   O reconhecimento da Palestina através da OLP dá-se em 1974, na ONU, anos depois de Israel ser o legítimo ocupante de toda a Jerusalém. Estes são os factos e não a ficção ou a mentira propalada.

  Dir-me-ão mas a comunidade internacional nunca reconheceu essa ocupação, a pergunta que fica é: Então porque é que não é a Jordânia a reclamante?

  E não só não é como quis sempre esse território, que já agora, também nunca foi realmente desta. Quando a Jordânia foi criada, este território que incluía Jerusalem Oriental nunca foi desta, pois até 1948, o território integrava a parcela remanescente da então chamada Palestina histórica, possessão do Império Britânico, a qual foi dividida em três partes: uma parte passou a integrar o Estado de Israel e as duas outras, Faixa de Gaza e a Cisjordânia/Jerusalem Oriental (ambas estabelecidas como não tendo Judeus, o que era uma mentira pois a Cisjordânia sempre teve cidades históricas e maioritariamente judaicas), deveriam integrar um potencial e futuro Estado Palestino, a ser criado, conforme a Resolução 181 da ONU aprovada em 1947, com a anuência da anterior potência colonial da zona, o Império Britânico, mas com a oposição clara de Israel e dos países árabes vizinhos, Egipto e Jordânia. 

  O Egipto sempre reclamou a Faixa de Gaza e a Jordânia a Cisjordânia e Jerusalem Oriental, mas não só reclamavam essas porções de território, como todo o actual estado de Israel, a tal Palestina histórica, fazendo acordos com outros estados árabes para evadir, retalhar e limpar etnicamente os judeus desse território. A resolução da ONU desse modo foi ignorada, bem como as pretensões da antiga potência ocupante, o Império Britânico.

  Letra morta para uns, Jordânia e Egipto e países árabes seus aliados, que agora se arrogam ao direito de serem campeões do direito internacional, e de espante-se exigir as fronteiras de 1948, que nunca respeitaram e ou reconheceram!?!?!

   Mas vamos aos restantes factos.

  Como se resolveu essa disputa? Após Maio de 1948, as nações árabes vizinhas de Israel, invadem e tentam ocupar Israel, numa série de batalhas decisivas e com alto sacrifício humano, os Israelitas rechaçam os invasores e após uma série de acordos de armistício, o Egipto consegue a Faixa de Gaza e a Jordânia consegue a Cisjordânia e Jerusalem Oriental. 

  Mas dá-se um facto curioso: Nunca (sublinho o NUNCA) nenhum destes dois países deu a terra que conquistou a alguma autoridade e/ou Estado Palestino, ou seja, o que agora exigem a Israel, nunca estes o fizeram e tiveram de 1949 a 1967 para o fazer, ou seja, 18 anos em que de facto a tal Palestina era uma letra morta mas que poderia ter sido resolvida por mero acto de entrega do Egipto e da Jordânia aos Palestinos!?!?!

  E porque não o fizeram?

  Simples, para quem não sabe história é fácil dizer que os Israelitas se opunham, mas para quem sabe, o problema não eram os Israelitas mas os próprios Palestinos. É que a esmagadora maioria deles e dos seus representantes não queriam ser independentes. E a própria OLP até ao final da década de 70 tinha como posição política a expulsão pura e simples dos Judeus e não a independência e autonomia territorial de uma Palestina como Estado. Aliás numa célebre declaração de Março de 1977, Zahir Muhsein, membro executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), disse em entrevista ao jornal holandês Trouw: "Não existe 'povo palestiniano'. A criação de um Estado palestiniano é apenas um meio para continuar a nossa luta contra o Estado de Israel". Esta era a posição maioritária na OLP e sempre foi, este líder e outros apenas disfarçavam a mesma por pressão dos seus financiadores que queriam se livrar dos refugiados árabes palestinianos que acolheram após as guerras falhadas contra Israel. Mas o que é certo é que nunca ocorreu até aos anos 70 aos Palestinos um estado independente e nem interessava aos próprios vizinhos e financiadores da OLP, até estes ficarem com o ónus de acolher e alimentar centenas de milhares de refugiados

  Pode-se então dizer que a ideia da criação do estado Palestino parte não dos próprios Palestinos mas dos países árabes vizinhos que até então reclamavam como sua toda a Terra do mandato britânico da Palestina.

  E o problema é esse mesmo, não existe povo palestiniano, não há cimento nenhum que crie uma identidade que nunca existiu?!?!?

  Então porquê insistir, em criar algo que não existia e que hoje ainda não existe?

  Essa é a pergunta que se deveria fazer? Nomeadamente a quem defende a solução dos tais dois estados, que foram acordados mas que da parte Palestina pouco ou nada foi feito para que fosse uma realidade, a começar pelo reconhecimento de Israel como estado soberano. É um facto que grande parte dos movimentos da OLP (federação de movimentos) e o Hamas, recusam a existência de Israel. Como pode uma parte respeitar outra, se, nem reconhece o direito de existência com quem negoceia!?!?!

  Antes de atitudes espúrias, como a que tomou o nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros, talvez na esperança vã (porque não realizável até hoje) de que os países árabes comprem parte da nossa dívida pública e que possamos ter crédito na compra de Petróleo (o que nunca aconteceu), devia o nosso estado exigir uma coisa muito simples: Que a OLP e o Hamas reconhecessem o simples direito de existência da contra-parte. Porque caso contrário de que interessa haver negociações se uma parte está sempre de má fé negocial, pois ao não reconhecer a outra não pretende nunca cumprir o que se comprometer, como aliás aconteceu com grande parte dos acordos de paz.

  Que de paz, teve apenas as letras lá escritas pois da Palestina sempre houve ataques terroristas e guerra de baixa intensidade. Israel respondeu, como se sabe e o que é certo é que os ataques nunca acabando ficaram seriamente controlados, a tal paz não foi assim acordada, mas conseguida por Israel à custa de muitas vidas humanas e biliões de euros investidos na sua segurança e na contenção razoável dessa permanente guerra de baixa intensidade.

  Por fim será inevitável a inexistência de uma Palestina e o reconhecimento de toda a Jerusalém como capital de facto de Israel, e porquê?

  Porque a Palestina é um estado falhado apesar dos abundantes recursos que lhes foram facultados, que num estado falhado corrupto apenas serviram para enriquecer uns quantos e nada construir e nada existir!?!?!

   Já foram à Palestina, muitos que defendem a sua existência? 

  Já viram as ruas com esgoto a céu aberto, estradas esburacaras, escolas onde menina não entra mas entra o ódio racista aos judeus nos manuais escolares que a cooperação europeia paga e sai dos vossos impostos? Já conheceram a Palestina das grandes mansões e dos carros luxuosos, quando mesmo ao lado e na mesma rua, crianças brincam no esgoto e dormem às dezenas em quartos comuns de casas com duas divisões que são ao mesmo tempo cozinha, quartos e salas? Já ouviram falar da Palestina, onde um agregado familiar paga em média um terço do seu rendimento para a electricidade e água e que muitos nem a têm em condições, mas que esses pagamentos servem para financiar a hierarquia da Fatah? Conhecem a Palestina dos grupos mafiosos que vivem do tráfico de substâncias ilícitas e armas para Israel, a Jordânia, o Egipto, o Líbano e a Síria, grupos esses que usam as suas mulheres e as suas crianças como objectos de tráfico? Conhecem ou também compram a ideia da Faixa de Gaza idílica do Hamas e da Cisjordânia do pão e do mel rodeada pelos maléficos Judeus?

  Israel sempre teve muita paciência para tolerar a existência dessa ficção de estado cheio de criminosos e corruptos e imposto internacionalmente às suas portas, mas a paciência tem um limite, e ou este estado falhado explode e entra em convulsão, como aliás será o mais provável e Israel, a Jordânia e o Egipto ocupam as partes remanescentes que ficarem do que sobrar desse estado falhado, ou, o status quo se mantém e o tal estado falhado continuará até haver uma guerra que arrume o assunto de vez. 

  E nessa guerra Israel que não usou o dinheiro das suas forças armadas para que generais se encham e sejam nos países árabes os ricos do sistema político e social corrupto que por lá capeia, estará em boas condições de infligir outra pesada derrota a quem se lhe opuser, como fez aliás recentemente no Líbano, expulsando definitivamente o Hezbollah do seu Sul e acabando de vez com os mísseis que causaram dezenas de mortes ao longo dos anos. Eu sei que alguns eram mortes de judeus e que isso tem pouca importância para a esquerda conhaque e anti-semita europeia, mas são os factos e não a ficção!?!?! E eram todos cidadãos de Israel e neste país sejam, Judeus, Islâmicos, Cristãos, Bahaai's ou mesmo de outra crença ou sem crença, todos podem viver em paz, já agora, acontece o mesmo nos restantes estados vizinhos?

  Não tenhamos ilusões, nem exijamos absurdos, Jerusalém é una e indivisível e a Capital de facto e de jure de um estado Israelita, democrático, aberto, transparente e acima de tudo soberano e livre.

4 comentários:

  1. Sandro, neste artigo a História está quase fiel aos acontecimentos, não fora o facto de o seu autor afirmar que os judeus arrendaram as terras...Não! eles as compraram, para o que foi bastante decisiva a família Rothschild, que financiou a maior parte dessas compras. Também não é aqui dito que as terras eram verdadeiros "desertos" de terras incultas, já que os árabes nada faziam nelas...Após a sua compra, o esforço colossal dos judeus para as tornar férteis (drenando-as, trabalhando-as ...) e formando os primeiros kibutz . Seria interessante, se é que já o não fez, ler Leon Uris e o seu famoso ÊXODO...

    http://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-criacao-estado-israel.htm

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    1. Caro comentador nada referi acerca do chamado período pré-êxodo que aliás começa muito antes da II Guerra Mundial - pelo menos dois séculos antes - até porque não era essa a minha intenção. De resto obrigado pelos comentários.

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  2. Então não terá problemas em que a Autoridade Palestiniana declare também Jerusalém como capital do Estado da Palestina, certo? Ou só Israel é que tem o direito de estabelecer uma capital? Porque motivo não podem existir dois Estados partilhando uma capital? Claro que o autor passa por alto o desenvolvimento de colonatos roubando cada vez mais terras, promovendo uma ocupação de facto! E essa de considerar Israel uma democracia está desatualizada, pois no momento encetou uma deriva neo-fascista!

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    1. Como se depreende pelo texto essa declaração de que Jerusalém é a capital de um putativo e inexistente estado Palestino é absurda e completamente ficção sem nenhuma sustentação quer histórica, quer política, quer real...

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