As 35 horas de alguns…..
Mais uma vez, a sociedade sofre com problemas de
desigualdade social. Que grande novidade….
Os enfermeiros ficaram de fora desta medida, inclusiva, que
exclui estes profissionais de saúde. Já dizem que são um estudo em caso, mas é
como em tudo na vida, quando vai para estudo sabemos que tão depressa não volta
e não se resolve os problemas.
Alguns já falam em “ato de justiça”. Há muito que os
enfermeiros já precisavam desta justiça, retirada quando a maior parte foi
obrigada a emigrar. Falamos de 20.000 enfermeiros que se encontram fora do
país, onde a “justiça” há muito se tornou em pesar, por um país que não
comporta quem forma e que per capita
necessita tanto destes profissionais de saúde.
A 1 de Junho entrou a lei que pôs em vigor a reposição das
35 horas semanais para a função pública, para (quase) todos os funcionários. De
um afinamento de um detalhe, já passaram a outras soluções para dar aos
enfermeiros. Não conseguindo, com a verba da saúde implementar as 35 horas
semanais, pois exigiria colocar mais enfermeiros, já pensam em pagar horas
extraordinárias ou em férias.
Acho que não passa por soluções que cortem a rama, mas sim
que acabem de raiz com o problema. Chega, sinceramente, de continuar a
proletarizar esta profissão, e creio que se trata de um ponto de vista de
racionalidade e de qualidade e segurança na prestação de cuidados, que se ornamenta
uma igualdade de horários com os restantes trabalhadores, do setor público.
Abriram concurso para entrar mais 1.000 enfermeiros, quando
as necessidades do SNS nem com 2.000 enfermeiros estavam superadas, quanto mais
com metade. Se querem presenciar o que é “burnout” basta passarem por muitas
enfermarias, por estes tantos e tantos hospitais, e veem na realidade o que se
passa.
As 35 horas são uma miragem, o emprego é outra. Fecham-se
camas de internamento por falta de enfermeiros, solucionam-se problemas com
redução do número de vagas nos cursos de licenciatura em enfermagem.
A lógica a seguir no futuro é a oposta. A solução na saúde
passa por recursos humanos, por profissionais competentes e também por
existirem condições que lhes sejam asseguradas nos seus locais de trabalho.
Deixe-mos os moralismos teóricos, as discussões, as
reuniões, e passemos rapidamente à prática. É necessário vislumbrar que estas
35 horas encaminham-se numa insegurança, e talvez numa utopia, que vai ser
difícil de alcançar.
Não nos podemos deixar ir por um caminho, onde o retorno dos
enfermeiros é o de uma profissão fatigada, desmoralizada e desacreditada.
Pelas 35 horas de trabalho, pela equidade, pela igualdade,
pela justiça……
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