segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O que estamos a fazer á democracia?

   













  Recentemente um amigo meu expressava, descontente, que "no futebol e na política não existe gente honesta". Ao escutar aquilo imaginei como lhe dar um "puxão de orelhas", afinal suou como uma ofensa porque me considero político. No meio de tanta imaginação acabei por fazer uma reflexão aquelas palavras. Ele não está isolado, não é o único a pensar que a política ausente de gente honesta. Cada vez parece mais enraizado esse pensamento, consequência da cação de muitos daqueles que assumiram responsabilidades no país. Afinal o que nós políticos estamos a fazer?
  
   A política serve e serve-se para preencher interesses mais pessoais do que coletivos. As questões que consideramos sérias para a comunidade extinguem-se no imediato e as funções são aproveitadas para usufruto político/partidário quando deveriam ter o objetivo de defender o interesse publico e os interesses da comunidade. É esta a imagem que vai destruindo aos poucos a credibilidade da política e dos seus agentes e coloca em perigo a própria democracia.
   
   Os vícios não se iniciam apenas na cúpula partidária,é nas sedes e Concelhias onde centenas de militantes vivem ao sabor das oscilações directivas. Se ontem se cumprimentava de maneira cordial e simpática, hoje o cumprimento é de desprezo. É a consequência da falta de carácter. Enchem-se listas de "filhos da terra", gente que atravessou associações e instituições sem qualquer resultado positivo. Gente que fez tão pouco que algo parece exagero. Votos comprados à militância honrosa que se comporta como "claque" dos futuros vogais, presidentes ou vereadores. Pequenos grupos de interesse defendendo o seu próprio interesse.
  

   Criam-se máquinas bem oleadas. Escolhem-se amigos de longa data partidária, camaradas que ascenderam das "Jotas" sem qualquer capacidade critica, construtiva e mérito e os da confiança. Entre todas estas peças da "máquina" sente-se o cheiro a oportunismo e falta de qualidade.
    

   Não é corrupção, são vícios, megalomania, ausência de qualidade e capacidade militante. Não é ideologia, é interessante. Não é a comunidade, é pessoal. Não é mérito, é compadrio. Não é trabalho, é oportunismo. A causa pública pouco interessa. Serve-se aqui e ali, mas nada que nos enfraqueça, pois a militância está sempre disponível ao som dos aplausos.
 

  O Estado é "capturado" por os principais interesses políticos, dentro e fora do partido. A esfera toma conta da coisa, e a imprensa dá uma ajuda. Gente de boa índole política fica manchada pelos interesses dos que vivem pendurados desde o mais pequeno órgão partidário até ao maior. Ausência de Ética e jogo do "espertalhão". Afinal o que fizemos à política? Que estamos nós a fazer à democracia?
 

   Homens de bem são convidados a abandonar os partidos, isolados para não transmitir a ideia da falta de capacidade e de ausência de pensamento critico. Como pode uma democracia aceitar que quem a diz defender viva confortavelmente com ditaduras internas disfarçadas estatutos e com mesas políticas que expressam os conceitos da PIDE?
 

   Ausência de pensamento, de alternativas, de dúvidas, de racionalidade e ética. Vivemos sempre a cercar o líder e a saquear tudo aquilo que deveria ser a verdadeira democracia. Não queremos uma sociedade esclarecida, otimista, crente no futuro. Apenas queremos alguém que vote sem questionar.
  

   Não é possível que o silêncio clubístico não veja o risco que a democracia corre com o pactuar com comportamentos que deveriam ser condenáveis por a sua falta de ética. Os argumentos desta tragédia grega são frágeis, mas aceitáveis perante os homens que escolhem no meio da dualidade de critérios quais aqueles que mais lhes compensa.
  

  Que gente é esta que se desdobra em cargos na esfera eleitoral? Que gente é esta que descredibilizar as instituições e a democracia? Onde estão aqueles que pensam seriamente no futuro do país, na organização da sociedade, no futuro como coletivo? Nos trabalhadores do sector publico e privado? Numa futura forma de comunidade? Onde está a gente séria, capaz e de mérito?
 

  A política, mais que nunca, precisa de um sangue novo que queira defender a causa pública e não causas partidárias. Sangue que não confunda exercício de responsabilidade com interesses e compadrio,  alternativas serias e credíveis dentro e fora dos partidos. Gente que não seja velho nas práticas, que não abane os cartões de associações extintas, que não confunda o fracasso como aulas para o sucesso. Gente que não se ocupe de tudo para preparar o futuro, mas que seja honesto com os seus pares.
   

  Precisamos urgente de honestidade, ética e responsabilidade. Militância exigente, qualidade e capacidade para a causa pública. Eu, como tantos outros políticos honestos, com ética e responsabilidade, queremos fazer parte da solução do futuro e não dá tábua que assegura os vícios do passado.

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