Um país diferente
Portugal é conhecido aquém e além-mar por ser o país dos descobrimentos, o país da revolução dos cravos e o país do fado. É interessante esta mistura… que diz bastante acerca deste povo.
Por um lado verifica-se que este
povo gosta de descobrir, inventar, inovar… ou seja… é pioneiro nas aventuras e
nas ideias. Depois verifica-se que é comodista, masoquista, invejoso e egoísta,
ou seja, gosta de… sofrer, ser enganado, olhar demasiado para o seu umbigo, não
gostar de ver os seus amigos e parentes bem na vida, gostar de viver na ilusão,
achar-se melhor que os outros, idolatrar chico-espertos e pouco fazer para
melhorar a sua situação. Há gentes que chegam mesmo a preferir o mal dos outros
ao seu próprio bem. Ainda podemos ver que… quando salta a tampa somos brandos e
ingénuos, julgando que todo este povo se comporta com a mesma espécie de valores.
Como podem ser estas gentes, aparentemente tão diversas, serem o mesmo povo?
Há algum tempo ouvi dizer que
este não é um país de aventureiros… pois que esses não ficam cá… foram-se
embora durante os descobrimentos e continuam a ir nas várias vagas de emigração…
No entanto, eu acrescentaria que Portugal produz, com demasiada frequência,
gerações de insatisfeitos, inconformados e aventureiros... que se vão embora,
ficando cá, generalizadamente, aqueles que não conseguem acrescentar dignidade
ao nosso povo. É o nosso triste fado!
Portugal é um país de contrastes.
Foi dos primeiros países a ter independência e… atualmente não a comemora, a
abolir a pena de morte e… a deixar as pessoas morrerem por falta de assistência
médica ou social, a ter maior número de patentes per capita e… a exportar os
seus inventores. E o fado continua… porque… o futebol é mais importante.
Enquanto em Portugal se conseguiu
silenciar os partidos novos, que traziam novas ideias e algumas soluções, na
Grécia apareceu o “Syriza”, em Espanha o “Podemos” e o “Cidadãos”, na Islândia
prenderam os banqueiros, na Alemanha, e novamente Grécia, prenderam os
corruptos do caso “submarinos”. Em Portugal… emerge a censura, a corrupção, a
proteção dos bancos e o tráfico de influências, mas também, aparentemente, uma
espécie de regresso de D. Sebastião pretendendo renovar alguns votos de Abril.
Salvemos D. Sebastião que esperemos não traga mais da chico-espertice que
grassa na sociedade portuguesa. Por outro lado o pior inimigo é aquele que se
faz de amigo, pelo que esperemos que o bom senso
prevaleça porque o caminho faz-se pelos pequenos passos dados, desde que
estruturados, racionais e sustentados.
Deixemo-nos de olhar para os
nossos próprios umbigos e construamos uma sociedade de progresso em que todos
tenhamos direito a ser dignos, pagando os nossos compromissos para com ela e
usufruindo dos direitos que ela nos concede. E… quando falo em compromissos e
direitos não estou a falar apenas de dinheiro… digo-o principalmente no campo
dos valores morais, éticos, sociais e ambientais.
Espero que 2016 chegue com
renovados votos de um país mais digno em que… a Constituição da República
Portuguesa seja respeitada, os tribunais sejam isentos, as leis mudem no
sentido de se tornarem mais justas, diminue a corrupção, deixemos de ser
ingénuos, invejosos, egoístas e masoquistas, a esperança renasça e que o triste
fado… apenas seja ouvido e não vivido.