Os ataques ao Ensino Publico e a promoção ao privado
Sempre fui de acordo a uma revisão, enorme, nos modelos de
Ensino. A sua alteração, principalmente dos programas, deve ser pensada a bem
da sanidade dos alunos. Um modelo mais simples, mais aberto, mais dirigido a um
ensino capaz, e menos virado para o “despejo” da matéria, que muitos professores
contrariam com modelos pessoais.
No entanto os problemas de aprendizagem não ficam circunscritos
ao ensino público, nos alunos do sector privado também existem problemas a
nível de aprendizagem, e alunos difíceis. Por isso, a famosa história dos
“rankings” é uma ilusão sobre a capacidade de ensino e aprendizagem dos alunos,
quer do público quer do privado, nenhum supera o outro, mas um tem mais margem
de manobra que outro.
Qualquer encarregado de educação, que queira o melhor no que
diz respeito ao ensino para o seu filho, pode precipitar-se no que diz respeito
às condições de ensino entre o privado e o público. A qualidade de ensino é
fundamental para a formação dos jovens, sem duvida, Basta olhar para os jovens, cuja escolaridade
foi abruptamente terminada, para sentir que a Educação é um bem de primeira
necessidade, mas não é por isso que devemos olhar com desconfiança para as
escolas publicas, e observar os resultados dos privados como uma maior
segurança.
No momento, no que diz respeito à oferta formativa, estamos
perante uma espécie de discurso Liberal, que visa destruir a Escola publica, no
actual formato, dando-lhe uma espécie de S.O.S educativo para as crianças com
maior carência, e tornar “atractivo” os privados para os alunos que possuam
capacidades que no publico poderiam melhorar, mas no privado é só manter. Os
rankings produzidos por tudo, e nada, aparecem continuamente a avaliar as
escolas, sem qualquer lógica que argumente um fundamento para os resultados.
São apenas para favorecer o conceito da livre escolha no que diz respeito ao
ensino privado.
Tal como a saúde, que é “cutucada” por as comparações
patéticas entre o publico e privado, as escolas são distribuídas conforme os
valores obtidos pelos alunos, esquecendo-se das realidades e características
típicas que diferenciam os alunos do sector privado dos alunos do sector
publico, até mesmo as condições de trabalho diferentes entre um professor que
tem pasta no privado, e um professor que anda “com a casa às costas” no sector
publico.
Os Rankings são uma forma de transportar a ideia
“fotubulesa” para diferenciar as escolas. A ideia é apontar o dedo ao sector público,
o verdadeiro mentor da alavancagem educativa do país, como uma “falha honrosa”,
apontando a autoestrada do Ensino Privado como solução mais atractiva para os
impostos, e para os encarregados de educação.
Os Rankings são definidos pela atribuição de notas finais. É
a soma do percurso do aluno, que termina nos exames nacionais, que valida a
atribuição de um conjunto de notas, elevando o nome da instituição, caso sejam
excelentes, ou descredibilizando a instituição, caso sejam negativas. Dos dois
lados, os exames nacionais são a melhor, e mais credível, fonte de resultados,
são a única forma de saber, de forma credível, a superação de um sector face ao
outro. No entanto, os resultados que os rankings emitem a soma do percurso dos
alunos, onde muitos possuem “especulação” nas notas.
Dentro do resultado dos exames nacionais, ao contrário do
que parece, o sector público supera de forma avassalador o sector privado, e
isso não favorece os ensinos financiados pelo Estado. Não custa relembrar,
talvez, que o sector público, em percentagem, tem menos alunos a recorrer aos
exames nacionais do que o sector privado. No entanto, os Rankings emitem
resultados bastante atractivos para o sector privado, descredibilizando o sector
Publico.
Ao contrário do sector publico, que o benefício é menos apetecível,
o sector privado poderá influenciar as notas durante o percurso do aluno. Não é
um assunto estranho, nem desconhecido, há cerca de dois anos, sem resultados
conhecidos, o Ministério da Educação investigou algumas instituições privadas
sobre esse assunto. O privado, ao contrário das Escolas publicas, vive de boa
imagem, oferta educativa de excelência, e acima de tudo, resultados obtidos. As
escolas públicas não se destinam a escolhas pré destinadas, vivem de
resultados, de trabalho e curriculum de professores.
O Ensino Publico perde orçamento para subsidiar as escolas
privadas. O Ensino Corporativo e colégios privados falam em “Livre escolha”,
afirmando que os encarregados de Educação, através dos impostos, devem escolher
qual o melhor sector para entregar o filho. A rede pública, que deveria ser
capitalizada através dos impostos, tem oferta boa, de qualidade, mas apenas tem
a livre escolha onde gastar o magro orçamento.
Os resultados dos rankings vêm colocar cada vez mais pressão
no sector público, quando o sector público não possui as mesmas armas do sector
privado, quer em termos de financiamento, quer em termos de oferta de serviços,
para lá de formativa.
O Ensino Publico não é, nem por sombras, pior, nem possui
piores alunos que o ensino privado. A oferta pública está mais debilitada,
principalmente com os sucessivos cortes orçamentais dos últimos quatro anos.
Profissionalmente, o sector Publico possui profissionais de excelência, que,
alguns, por magros ordenados e a “casa às costas”, vão ensinando com gosto e
qualidade. Por estes profissionais passa mais do que alunos, passam casos de
vida e uma forma carinhosa de apoio. Um professor, uma “contina”, na escola pública,
muitas vezes é mais que um simples funcionário do estabelecimento, é um amigo.
Por estas coisas é que foi o Ensino Publico a fomentar o crescimento
de gerações e gerações de formados. Foi o Ensino Publico que mais fez crescer o
sucesso escolar e a taxa de alfabetização. Foi o ensino Publico que construiu pontes entre os alunos e os professores.
Por mais Rankings e cortes orçamentais promovidos com o objectivo
de destruir os 40 anos de evolução social, suportado pelo Ensino publico, a
marca da Escola publica via ficar sempre marcada pela qualidade, excelência e familiaridade.
E isso, nenhuma propina, nenhuma nota influenciada, nenhuma preferência de
livre escolha, pode destruir.