Contra a Eurofarça!
Os migrantes são o tema caro da Europa, que revelam que não podemos esperar quase nada desta Europa que antes foi denominada de União entre Estados membros, mas que hoje se traduz numa desunião e convergência de interesses, com a sobrevalorização dos países “imperialistas”.
Desmoronar a Europa tornou-a na paralítica maquineta que não
serve mais que seja como “controleira” de todos os países, e daqui surgiu um
“farol” que só manda luz a quem quer, que só controla o “tráfego marítimo”
daqueles que lhe interessa, deixando afundar os barcos, as pessoas, as vidas,
daqueles que não trazem consigo as “condições capitalistas” implicadas pela
Europa.
Demagogias à parte de quem como a extrema-direita em França,
Turquia, Dinamarca, ando a tentar vender o slogan de “não queremos cá”, pois
usam o conceito determinista de que não querem, não só porque não tem direito
em permanecer no seu solo, mas também porque ideologicamente não lhes convêm.
Sim muitos contornam o problema, aprazivelmente, dizendo que se centra nas
incapacidades económicas. Mas na realidade sabemos que é mais puramente e
estruturalmente ideológico, as diferenças que se fazem sentir.
Recue-mos ao Acordo de Schengen, pois sobre este também há
que tecer algumas considerações. Não me agrada quando alguém o define como “a
livre circulação”, pois na realidade criou uma “Europa Fortaleza”, que em nada
traduz o seu conceito de liberdade. Mais este não liberaliza a “prometida”
circulação, permite só que internamente esta seja facilitada, criando depois
muros sobre a Europa externamente.
Muitos solucionam esta migração com o desenvolvimento de
quotas ou “regulação da política do fluxo migratório”, que em tudo traduz mais
uma vez na política que se vai instrumentalizar mais nestes mecanismos que nada
contribuem para a resolução.
“Dezenas de milhares” é o número de pessoas que neste momento
está sem solução, sendo atacadas todos os dias sobre uma Eurofarça, que devia
dar a ajuda, mas que prefere que exista conflitos políticos, sociais, ideológicos,
religiosos, do que discutir massas que precisam que todos estejam
direccionados, primeiro numa política de liberalização de espaço e circulação,
e depois sobre a necessidade de criar corredores humanitários.
Quem olha para esta crise e para aquelas condições em que
aquelas pessoas vivem, em oposição à inércia de que todos na Europa têm, olham
para crianças, idosos, grávidas, que não detém capacidade para poder mudar a
situação em que vivem.
Olhar para muitos dos abrigos e fronteiras e visionar o arame
farpado faz-se a clara analogia dos tempos dos campos de concentração. Mais uma
vez para essa imagem, e para essa realidade caminha-mos, pois descurem que
muitos dos discursos da extrema direita, se vêm a fomentar estas demarcadas
posições, com recurso a demagogias como dizendo que se tratam de terroristas,
de pessoas que não têm estrutura social, que há um grande fosso entre nós e
eles (comportamental, social) e de que têm crenças religiosas distintas que são
incompatíveis, entre outros argumentos, colocando em causa a “nossa
permanência” nos mesmos locais.
As oligarquias políticas explicam que a situação dos
migrantes é meramente problemas do povo, dando mais uma vez a desunião e falta
de coesão que querem criar, colocando o povo uns contra os outros. “Dizer que é
o povo que não gosta de estrangeiros” foi o mote de fazer passar na xenofobia e
no populismo, escondendo que os países erram em larga escala. A Grécia é a
principal entrada e encheu-se, e a Turquia fechou-se em copas, provando o
humanitarismo que existe.
Já nada se espera desta Europa que se tornou num Eurofarça,
pois negou-se toda e qualquer Declaração Universal dos Direitos Humanos,
deixando pessoas sem rumo ou destino presas em “valas” entre países.
Forçosamente assistimos e comprovamos aquilo que há anos muitas pessoas pensam
sobre a engenhoca que é a Europa, preocupada e centrada nos vírus e fungos da
economia global, da banca, desprezando as pessoas que vivem nela.